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Aperitivo: What a Time to Be Alive, Superchunk

Selo: Merge
Nossa Avaliação: Positiva
Gênero: Hardcore, Rock Alternativo
Parece com: Yo la tengo
Para ouvir com atenção: What a time to be alive, Reagan Youth


A superchunk é uma banda do cenário alternativo americano que é entre outras coisas proprietária do selo independente Merge, que é a gravadora dos quatro primeiros megasucessos da banda canadense Arcade Fire, que brilhou na década passada e no início dessa, que mesmo que agora tenha feito um album de menos qualidade lírica- sonora não, a sonoridade está bem inovadora_ não pode ser esquecido o legado incrível que essa banda de baroque pop deixou aos nossos ouvidos. Mas o foco é a Superchunk, que tem um som que lembra bandas dos anos 90 de alt rock hardcore e punk rock e que vem com esse ótimo album que fala sobre os tempos sombrios que foram instaurados com e eleição inesperada do presidente Trump sempre com guitarras e baixos furiosos. Isso durante míseros 32 minutos e 15 segundos. Uma avalanche de ruídos e de energia.
Bem sabido que a banda está prestes a completar três décadas de vida, mas... ainda tem muito o que dizer a quem estiver disposto a ouvir; se trata do esforço coletivo dos integrantes atuais Mac McCaughan, Laura Ballance, Jim Wilbur e Jon Wurster e entregam um ótimo trabalho nesse que é seu 11º álbum de estúdio.
Pode-se dizer que esse album dá continuidade de forma brilhante ao anterior deles, lançado em 2013, o ótimo Hate Music, e é uma avalanche de ruídos e vozes raivosas até a sua faixa derradeira. E tem características do punk hardcore praticados na costa noroeste dos EUA, berço do grunge.
E há também a presença das guitarras e baixos furiosos com letras cheias de ira e de desabafo, instantes esses que deixa a banda da Carolina do Norte transparecer toda a revolta que estão sentindo desses sombrios e contemporâneos tempos vividos por nós.
A primeira faixa, que é a título, traz toda essa ira, ao mostrar o eu-lírico acordar para escovar os dentes e ter toda uma reflexão sobre o quanto a vida está difícil. Tudo com guitarras enérgicas e a vocalista destilando ódio e ira sobre a canção.
Trata-se de um album que traz letras sarcásticas e irônicas sobre tudo isso que estamos vivendo. Lost my brain por exemplo, traz uma letra simples, bem no estilo punk hardcore. São canções que são explosões de fúria total. Erasure por exemplo tem uma sonoridade mais leve, mas traz em si um pesado desabafo. Reagan Youth volta um pouco ao passado, ao verão de 81, quando os EUA viram a ascenção de Roanld Reagan, que até 1962 era democrata e depois passou para o Partido Republicano.
Break the Glass traz umas guitarras menos enérgicas mas nem por isso menos presentes. As canções dessa banda não são apenas contra a recente eleição de Trump e a sua tentativa de erguer um muro separatório, "América para os americanos". É contra a falta de caráter ou mesmo de inteligência dos atuais dirigentes políticos dos EUA que estão como marionetes. Traz características anárquicas que claramente os aproximam dos primeiros trabalhos, com uma sonoridade árida e urgente, o que vem caracterizando-os desde o inicio da carreira.
Lembrando que para esse álbum existir devemos elencar o elenco incrível de colaboradores: Sabrina Ellis, (A Giant Dog, Sweet Spirit), Katie Crutchfield (Waxahatchee), Stephin Merritt (The Magnetic Fields), Skylar Gudasz e David Bazan (Pedro the Lion), que ditaram o tom de estouro e explosão de ira e de insatifação que regem o album. Na verdade, se algumas vezes eles soaram otimistas, nesse trabalho estão completamente revoltados com tudo e com todos.

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