Selo: Island Records.
Parece que a temática religiosa e mística tomou conta dos albuns de indie alternativo nesse ano de 2025, vide trampos de Candelabro, e o futuro da Rosalia, Lux, que será lançado mês que vem. The Last Dinner Party, que conta com as britânicas Abigail Morris, Lizzie Mayland, Emily Roberts, Aurora Nishevci e Georgia Davies traz esse From The Pyre para nossa apreciação auditiva, que mais uma vez agradece, visto que esse album é bastante interessante. Lembra realmente os momentos mais apreciativos de artistas de baroque pop como Florence and The Machine e a atemporal Kate Bush.
Elas vem com corais poderosos, riffs intensos, hipnóticos. Não é segredo nenhum que o trampo anterior, Prelude to Ecstasy já trazia camadas e texturas musicais bem auspiciosas, mas nessa sequência elas verdadeiramente transcenderam. Fruto de uma mixagem e de uma produção mais apurada e mais direcionada a soar como canção chamber e folclórica.
Para esse novo trampo, saiu a produção do début, que ficou a cargo de James Ford (responsável pela produção do More, o também aclamado trabalho do Pulp) e entrou Markus Dravds, com trampos junto a estrelas como Florence e The Machine e Bjork, junto do lendário produtor Alan Moulder de volta á mixagem.
Em si o titulo Agnus Dei já traz a ideia de desapego, combustão e transformação. Porque a pira em si, através do seu fogo, queima tudo o que está sendo desnecessário, e deixa apenas o básico, e a canção retrata isso, como a fênix, que "morre" depois da combustão e retorna totalmente transformada, e de forma positiva, pelo menos será essa a idéia que vai permear todo o trabalho das Last Dinner. Porque retrata a propria transformação da banda, como se elas tivessem passado por essa transformação melódica e lirica após o debut.Do gotico do primeiro trampo para o folk desse novo.
O misticismo é abraçado com força ao longo do trampo, reforçado pelo coral de vozes etéreas, (como Woman in Tree) riffs poderosos e arranjos e melodias consistentes, e muitas vezes dando um aspecto mágico e vintage. Dando um aspecto de que viajamos de volta á era de ouro do misticismo, a idade média, mas com modernidade.
Na segunda canção, Count the Ways, começa com um riff poderoso, bastante sombria, em que os versos dizem: "No meu leito de morte/ Volto meus olhos para o Senhor/ Sei que você virá quando eu chamar" , o que retrata o quanto essas canções são sobre devoção, crendo realmente na salvação através da oração e do desapego.
Second Best começa com um coro. As batidas são mais enérgicas, o que aproxima essa canção do pop, já praticado pela já citada Florence, aquele pop cheio de camadas, obra de Dravds, que já trabalhou em musicas dela.
Em This is the Killer Speaking, o eu-lírico assume a culpa de ter levado a pessoa amada ao limite, como fica claro no trecho:
"E que seu casaco esteja manchado de mim/ Onde eu deixaria meu orgulho preso na lapela/ Deus sabe que o deixei por engano/ Deus sabe que o deixei por engano." Sail Away, uma canção em piano e voz, como uma letra aparentemente sobre cotidiano, mas que se aprofunda bastante.
Uma atmosfera folk muda o que já conhecíamos do gótico do Prelude to Ecstasy, inclusive na capa, que poderia sem um cenário de um livro de Danielle Steel, ou Marion Zimmer Bradley. Além das referencias a Florence, podemos apreender que houve referencia a Kate Bush ao longo do trampo, remetendo aos melhores momentos dessa diva.
Resumindo, um album sobre empoderamento feminino, sobre como as bruxas continuam a ser queimadas na fogueira, pelo julgamento que nós mulheres sofremos a todo momento, simplesmente por sermos mulheres.
Highlights: Agnus Dei, Second Best, This is the Killing Speak, Sail Away
Coletivo pernambucano formado em 2024, composto por Matheus Dália (Dersuzalá) baixo, guitarra, synths, Beró Ferreita (Qampo), guitarrista e vocalista, e Pedro Bettim, na produção, e complementado por Guilherme Calado, teclados, e Saulo Nogueira, guitarra, eles unem em seu álbum de estreia elementos da música psicodélica, musica brasileira anos oitenta, jazz fuzion, funk, new wave, e faz um pop rock bem auspicioso em seu début Esperando Sentado, pagando para Ver, lançado pelo selo Na realidade, eles trazem elementos da city pop com uma pitada de humor irresistível (como na segunda faixa de ESPV, a ótima Baby Mistério com seu riff funkeado) e também apresentam referências a Djavan e Rita Lee, Steely Dan. Eles já vieram chamando a atenção no single Contramão lançado em janeiro de 2025, forte em jazz fusion com seu lindo solo de guitarra. A terceira faixa de ESPV, Coitadolândia, traz uma influência clara de Guilherme Arantes, e fala sobre o fardo de nascermos para estarmos sempre em um...

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