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Hasta la Raiz_ Natalia Lafoucarde

Hasta la Raiz_ Natalia Lafoucarde A cantora mexicana fez sucesso com a releitura de sucessos de Augustin Lara, através de um álbum colaborativo do qual participa artistas como por exemplo Devendra Banhart, Gilberto Gil, Rodrigo Amarante e Meme. Agora, três anos depois, ela volta com um álbum autoral completamente pop, meio folk e country, e muito pungente, chamado Hasta la raiz, que como o próprio titulo sugere, reflete sobre a influencia do apego da terra natal na vida do eu lírico. São 12 canções reflexivas e de autoconhecimento que permeiam esse álbum de muita qualidade. Com pop e folk pop emoldurando lindas letras. A faixa titulo é sobre como ela sempre levará a pessoa amada dentro de si, como uma raiz, não importa para onde ela siga. O trecho que mais tem beleza na canção é o que ela relata: “ Eu te levo dentro, até a rais; por mais que cresças, vais esta aqui.” Mi lugar favorito tem uma batida mais pop que a primeira, que era meio folk, e fala sobre a veracidade dos sentimentos dela pela pessoa amada, e o qualto “ ele a fz se sentir bem.” Ela personifica o lugar. “ Es o meu lugar favorito nesse mundo”. Como se fosse a pessoa amada o seu norte nesse caótico mundo. Antes de Huir parece country, mas tem batida pop. É aquela canção de fim de relacionamento, extremamente reflexiva, com um apelo para que eles analisem o que fez tudo terminar. “ Antes de romper, analisemos o que se passou, por que se apagou.” Ya no te puedo querer, a minha faixa preferida, tem uma batida bem pop e fala sobre o sofrimento do desprezo. De o quanto os seus mundos não mais coincidem e se tornaram paralelos. Para que sufrir começa mais amena, meio calma, sobre desapego que sempre ocorre na falta de interesse de continuar uma relação amorosa. “Nunca me imaginei que me casaria sem papeis; nunca me imaginei sem paredes.” Mas ela tenta salvar a relação, como fica claro no trecho: “Teria que buscar a ti, e teria de me salvar.” Nunca es suficiente foi lançada como o single do álbum, e lembra ligeiramente um ska. Fala sobre o quanto ela nunca está satisfeita com o que lhe é oferecido do parceiro amoroso. É desprezada: “E tu te vais; julgando se enamorar de todas as ilusões mundanas que se deixam alcançar; e tu não verás que o que eu ofereço é incondicional.” Palomas Blancas, a melhor canção do álbum, é de uma beleza, meio folk e fala sobre a difícil arte de se desapegar da terra natal, que pode então ser uma metáfora da pessoa amada. Yo quiero ver, retorna ao pop com toda força. Sobre as monótonas tardes de domingo sem a presença da pessoa amada, pela qual ela aguarda o retorno ansiosamente. Vamonos Negrito é folk, em que ela convida o negrito a passear pelas veredas e aproveitar o máximo da beleza que a vida campestre pode oferecer. E o convida a compartilhar de sua rotina, a unir a vida dele a sua. Lo que construímos tem uma bela introdução de piano, muito pungente e fala sobre desolação e tristeza após um rompimento amoroso. E uma das canções mais reflexivas do álbum. Estoy Lista e uma canção sobre autoconhecimento, em que ela se considera pronta para o “adeus.” “Estou pronta para fazer uma viagem sem destino. Me vou daqui.” Seguindo a linha da sua antecessora, No mas Llorar é sobre despedidas, fechando o álbum com uma introdução de piano que descamba em uma canção de tristeza excessiva. É um álbum que mostra o quanto Lafoucarde autoral pode ser encantadora. Ouça com atenção: Hasta la raiz, Yo queiro ver, Palomas blancas e No mas llorar.

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