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Dingo Bells, Maravilhas da vida moderna

Dingo Bells, Maravilhas da vida moderna Como a nome do álbum mesmo sugere, a banda está tecendo uma divagação sobre a contemporaneidade, algo já dito no blog Sobe o Som, da Rolling Stone, especializado em falar sobre artistas novos. Mas o álbum Maravilhas, do trio gaucho, tem muita personalidade, apesar da pouca estrada dos artistas, que também recorreram ao financiamento coletivo para publicar a sua obra de estreia, cuja capa traz um dinossauro de madeira em meio a um ambiente bucólico numa foto em preto e branco. E foi gravado graças a estadia da banda em um sitio de Viamão, RS. Eu vim passear tem uma melodia bem próxima do pop rock e relata sobre o nascimento bem convencional do eu lírico, sem nada de especial, e se você gostar dele , será pela falta de qualidades excepcionais em sua vida. “Tanta gente buzinando esqueceu de amar; veio ao mundo por engano; eu vim passear.” Mistério dos 30 é também um pop rock, e sua letra relata “não espero acabar tão sério.” “Tempo e tédio ocupando o prédio de vidro.” É sobre reflexão sobre o processo de envelhecimento que atinge todo o ser humano. Fugiu do dia segue a mesma linha das anteriores e tem uma melodia parecida com jingle sobre a pessoa tentar fugir de seus problemas e de sua rotina e ser isso em vão. Dinossauro é sobre a bipolaridade da época antiga com a contemporaneidade, que é a temática do álbum, e é acústica, ao som de violão. “Talvez a sua imaginação esteja tão limitada por problemas reais.” Depois fica mais pop rock a sua melodia. Maria Certeza é sobre uma garota que sonhava em se casar, mas isso independe de sua vontade, caindo na velha temática do destino, do fado que cada um tem traçado. Olhos fechados se trata de uma canção reflexiva em que o eu lírico trata de como foi que a sua vida chegou a essa contemporaneidade. A próxima faixa, como sugere o nome, fala do fato de ele ser uma pessoa de pouca credibilidade por se identificar com a Bahia. Se trata de uma canção que tem influencias da canção baiana, como reforça o titulo. “Beber água de coco nunca foi tão bom.” E a ironia presente na canção ( isso na visão do interlocutor) Hoje o Céu tem uma melodia mais próxima do pop rock e tem uma letra bem humorada e irônica sobre as incertezas da vida. Funcionário do Mês tem charmosos backing vocals sobre os desejos e anseios do protagonista, impossibilitados pelas vicissitudes da vida moderna. Anéis de saturno se trata de uma canção bem introspectiva, em que se diz que somos feitos de poeira espacial. “Quando o silencio encontra o seu lugar; é confortável se calar.” Todo no tem melodia de piano, e encerra o álbum de forma bem bonitinha “Sente gosto ruim de metal quando aperta a gravata; sabe que no fim do mês, ajeita o inglês.” É sobre a falta de tempo para viver as coisas simples da vida por causa das atribulações da vida contemporânea. A banda é composta por três gaúchos: o guitarrista Felipe Kautz, Rodrigo Fischmann com voz e bateria, e Diogo Brochmann com voz e baixo, e se dizem infuenciados pelo Clube da Esquina, importante agremiação musical dos anos 70. Ouça com atenção: Eu vim Passear, Misterio dos 30, Todo no.

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