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Sirope, Alejandro Sanz

Como o nome diz, se trata de um álbum açucarado, mas sem ser tachável como brega. Sanz fez nessas canções misturas entre o funk, o pop e uma pitada de rock alternativo. São 13 canções muito interessantes que abordam, em sua grande maioria, o amor e a dependência de estar sempre junto dessa pessoa que tanto se idolatra. A primeira faixa fala de forma bem humorada sobre características físicas e psicológicas da pessoa amada. É uma canção de duplo sentido, e por isso tem valor, pois a licença poética é na maioria das vezes obtida dessa forma. Quanto a sonorização, poderia se dizer que se trata de um pop rock bem suave. E essa pessoa parece estar pouco se importando com a admiração que o eu lirico despensa a ela. A próxima faixa, Capitan Tapon é um funk, que relata como a pessoa amada é dominadora e difícil de lidar. Tem batida muito próxima do funk norte americano dos anos 70 e tem um backing vocal de uma criança, que deve de ser um dos filhos de Sanz. Se trata de uma canção feita para seu filho. Pero tu já volta um pouco para o que estamos acostumados a ouvir de Sanz: romântica e com uma batida leve de pop rock, mas indo para o pop mesmo. E muito caro a sua lírica, é sobre aquela forma de amar em que a pessoa amada representa-lhe o centro de seu universo. As canções seguintes não saem muito disso, a quarta canção também remonta a essa técnica de Sanz, que é fazer tudo pela pessoa amada em suas líricas. Foi isso que o catapultou ao sucesso. Tu la necessita, a quinta faixa, é um ska que lembra Paralamas do Sucesso, Fabulosos Cadillacs, e Police, os precursores desse estilo que funde o reggae ao pop. Quanto a lírica, é sobre a necessidade que o eu lírico tem de corresponder ao amor que ele lhe dedica. Lembra algumas canções do grupo porto riquenho Calle 13, pela sonoridade, também. Quando ele diz: “eu não vou ser a pedra de sua pele.” tudo se evidencia. Um Zombie em la Interperie é o single líder do álbum, sendo divulgado em marco de 2015. É uma típica canção de Sanz, e lembra a sua introdução uma musicalidade de orquestra. Quanto a letra, é muito caro a ele, e parece ser realmente uma canção de sua autoria, com todo o apelo lírico que ele costuma ter em suas letras. “ Dormindo na interpérie, sem tetos e nem paredes; solitário e sem ti.” “eu sei, eu sei que não mereço mais outra oportunidade.” Mas Alejandro que isso, realmente não há! Todo Huele a ti é também um funk. Em que ele se desmancha pelo interlocutor: Es tu a versão mais feroz de ti.” “ Tua pele morena de cobre; eu bebo para te ver em dobro.” “Conto as batidas de teu peito uma por uma” . A faixa seguinte é também um pop rock em que mais uma vez ele escancara os seus sentimentos a mulher amada, como é típico de um álbum chamado Sirope. “Eu quero te dar razão”. Sobre uma pessoa que em nome do amor, continua agindo impulsivamente, pois não amadurece. La vida que respira, começa com acordes de guitarra. E mais uma vez sobre sentimentos escancarados. “ A ferida é quase amor.” Suena la Pelota, é um dos momentos mais pop do álbum e conta com o feat do ícone da musica caribenha Juan Luis Guerra. Em que ele pede perdão a amada por ser uma pessoa que leva tudo na brincadeira. “Entrega-te a vida!” é o convite da canção. A que no me dejas é sobre não querer desistir nunca do amor. Parece ser a canção que tem mais elementos de musica latina do álbum. A próxima faixa El Silencio de los Cuevos retorna ao pop e é bem dinâmica. Se trata de uma canção que prega que tenhamos fé nos momentos mais difíceis da vida. A canção que fecha o álbum El Club da Verdad é sobre a desolação que costuma ficar após o fim de um relacionamento que poderia ter ido mais longe. “ Amor, não volte por voltar, e sem nada a oferecer” é o recado da canção. E um álbum de muita qualidade sonora e lírica. Se for indicado ao Grammy Latino, dificilmente será batido. Ouça com atenção: Um Zombie em la Interperie,La Vida que respira, Suena la Pelota, A que nos me Dejas, El Silencio de los Cuevos

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