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Aperitivo: Novas Famílias, Marina Lima


Selo: Pomm_elo
Lançamento: 2018
Gênero: MBP, pop funk
Nossa Avaliação: Positiva
Boas: Juntas, Mãe Gentil e Climática.



Marina Lima foi uma das musas dos anos 80, e tem hits memoráveis, e parcerias com ídolos oitentistas como por exemplo Lobão, Cazuza, e Lulu Santos. Agora ela está nesse retorno, com um álbum em que a sua fórmula pop não foi de modo nenhum abandonada, mas expandida, pois vem agora com um cunho político, como podemos notar agora em trabalhos como Só os coxinhas, que foi lançado como lead single, em que Marina claramente expõe a sua crítica sóciopolítica com aqueles conhecidos como “reaças” pessoas que saíram ás ruas pedindo a queda do governo populista de 13 anos do PT, funk esse composto com o seu irmão, Antonio Cícero.
Nesse novo álbum, o 21 de sua carreira e sete anos após Climax, e produzido por ela junto a nomes como Dustan Gallas (musico da banda cearence Cidadão Instigado) e com a colaboração de Arthur Kunz ( metade da dupla paraense Strobo), insatisfeita com a situação deplorável em matéria de economia e política desse pais, ela aparece desnuda e de peito aberto, em arranjos pop que lembram bastante trabalhos seus antigos. Na primeira faixa, com feat do consagrado Marcelo Jeneci, traz ao piano e violão uma espécie de desabafo de como a situação material pode estar difícil, mas que não devemos deixar nos abater, e sim tentarmos estar sempre de cabeça erguida. E é essa a receita. E aos 62 anos Marina demonstra está renovada e sem tentar se manter presa no passado. O que é muito bom.
“Juntas” traz sintetizadores uma marca já registrada da identidade cultural de Marina, e é em estilo funkeado que fala de São Paulo de uma forma metafórica, mas bem crítica. E como uma cidade que tenta unir as outras, deveria ser a função dessa metrópole. “juntas só reforçam o Brasil” “Árvores Alheias” tem também arranjos pop e fala de esperança.
Mãe Gentil é uma das melhores do álbum e traz a marca de Letícia Novaes, na nossa opinião nossa St Vincent brasileira, a Letrux, pois vem forte com sintetizadores e uma sonoridade rock alternativo, e letra forte. “Quebra pau tudo errado nesse paizinho.” “uma gente escrota e mesquinha que nos faz de bobos pra que enganar o povo”. Trata-se de uma letra bem corrosiva, pois foi co escrita por Letrux e tem a base instrumental por Arthur Kunz. E a base eletrônica feita por Kunz e Gallas. Só os coxinhas dispensa maiores apresentações, é o single líder do trabalho, é um funk em que a crítica chega ao extremo de afirmar que “botam o chapéu e saem abanando o rabinho”
“Climática” pode ser que destoe do álbum pois tem uma melodia bem próxima do samba, e crítica “ ah como você insiste em ser arrogante e implicante.” Não é uma música inédita, pois foi gravada em 2015 pela cantora paulistana Klebi Nori, que assina a co autoria também. É sexy e Gostoso é uma baladinha bem pop e similar às canções de trabalhos anteriores de Marina com influência do tecnobrega tão difundido no estado natal de Dustan Gallas; Do Mercosul também tem o seu destaque, pois é uma canção bem suave e resultou de parcerias de Marina com gente como Silva e Dustan Gallas e foi elaborada durante o período em que Marina esteve no Uruguai pois estava envolvida com as gravações do longa metragem Baleia e tem a intenção de união das nações sul americanas.
E por fim o trabalho traz Pra começar, que é uma parceria de Marina com seu irmão, o poeta e filósofo Antonio Cícero que esteve na abertura da novela “Roda de Fogo” em 1986 em que traz os arranjos roqueiros de um registro ao vivo da época.
Recapitulando: em Novas Famílias, Marina avança, e sem se pegar ao passado. E os pontos positivos desse álbum pode ser também as parcerias com artistas recentes da cena musical fora do eixo São Paulo/ Rio e a luxuosa presença da artista Letrux, que também lançou um trabalho memorável em 2017.
Faixas Boas: Juntas, Mãe Gentil e Climática.
Nossa Avaliação: Positiva

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