Pular para o conteúdo principal

Aperitivo: Viagem ao Coração do Sol, Cordel do Fogo Encantado


Ano: 2018
Selo: Independente
Gênero: MPB, Alternativo
Boas: Raiar ou o Vingador da Solidão, Liberdade ou a Filha do Vento, Conceição ou do Tambor.
Nossa Avaliação: Positiva


A Cordel do Fogo encantado é um grupo musical oriundo da cidade de Arcoverde, em Pernambuco. Sabe-se que a cena musical pernambucana tem nos trazido artistas incríveis, exemplos disso Mombojó e Nação Zumbi, e esse estado brasileiro é o berço do Manguebeat, um conjunto de sonoridade única e envolvente que vem encantando publico e crítica ao longo dos anos. No seu início houve uma preocupação com a poesia mas eles descobriram que podiam fazer algo mais pela música e aí está o resultado, essa singularidade musical que lhe é tão própria. Fazendo turnês e participando da trilha sonoras de filmes, por exemplo.
E agora nesse inicio de 2018 eles vem com esse trabalho novo, Viagem ao Coração do Sol, em que entregam algo sublime e de bastante qualidade. E vem sedentos por liberdade, palavra que ditou toda a criação artística desse trabalho. E isso depois de longos anos depois de seu mais recente trabalho de estúdio, Transfiguração, de 2006. Mas a banda formada por Clayton Barros (violão e voz), Emerson Calado (percussão e voz) E Rafa Almeida (percussão e voz) e José Lira ( Voz) vem suave e sedenta de deixar o seu recado, e consegue, pois podemos dizer que esse álbum é marcante. O álbum já diz a que vem logo nos seus primeiros segundos: “o sonho acabou. E só assim saímos de dentro da Terra em direção ao Sol; o mundo agora é esse” pode ser muito bem interpretado como esse cruel e caótico mundo em que vivemos agora, do imediatismo e do pouco amor entre as pessoas.
“O raiar e ou o vingador da solidão” tem uma introdução de violão e fala justamente sobre o sermos destemidos diante das adversidades da vida “ um coração sem medo mas.. um vingador sem medo da solidão / chegou a hora de raiar.” Temos também o ska de “Para cima deles passarinho.” Instrumentação diversa e inteligente.
São canções sempre com arranjos inebriantes de cordas e com letras reflexivas e que falam sobre esperança e superação. Está claro que se trata de uma banda amadurecida e coesa, tanto na lírica quanto na instrumentação que está mostrando ter domínio da sua criação artística. Coisa que os Cordeis vem fazendo desde o seu auspicioso início, encontramos em hinos como por exemplo, nesse trabalho atual, como Liberdade, Conceição, e o Vingador da Solidão... São canções que fogem desse mundo caótico e absurdamente cruel em que vivemos hoje e servem de Oasis para quem quer por um momento fugir de canções políticas e sociais. Um local onde a instrumentação e a poesia vivem de mãos dadas. Para nós, isso é encantador e muito atraente. O escapismo pode ser uma alternativa mágica. E o bilhete de passagem, Viagem ao Coração do Sol.
Boas: Raiar ou o Vingador da Solidão, Liberdade ou a Filha do Vento, Conceição ou do Tambor.
Nossa Avaliação: Positiva

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Aperitivo: Papôla, Esperando Sentado, Pagando para Ver

Coletivo pernambucano formado em 2024, composto por Matheus Dália (Dersuzalá) baixo, guitarra, synths, Beró Ferreita (Qampo), guitarrista e vocalista, e Pedro Bettim, na produção, e complementado por Guilherme Calado, teclados, e Saulo Nogueira, guitarra, eles unem em seu álbum de estreia elementos da música psicodélica, musica brasileira anos oitenta, jazz fuzion, funk, new wave, e faz um pop rock bem auspicioso em seu début Esperando Sentado, pagando para Ver, lançado pelo selo Na realidade, eles trazem elementos da city pop com uma pitada de humor irresistível (como na segunda faixa de ESPV, a ótima Baby Mistério com seu riff funkeado) e também apresentam referências a Djavan e Rita Lee, Steely Dan. Eles já vieram chamando a atenção no single Contramão lançado em janeiro de 2025, forte em jazz fusion com seu lindo solo de guitarra. A terceira faixa de ESPV, Coitadolândia, traz uma influência clara de Guilherme Arantes, e fala sobre o fardo de nascermos para estarmos sempre em um...

Aperitivo: Mon Laferte, Femme Fatale

Selo: Sony Music. A cantora chilena, mas radicada no México Mon Laferte está de volta com seu novo trampo, Femme Fatale, depois do extremo sucesso que foi seu album de 2023, Autopoietica, em que ela expandiu sua sonoridade pop alternativa para o trap e o reggeaton, por exemplo, além do jazz, cumbia e da bossa nova, com letras emocionantes e com bastante impacto. Em Femme Fatale, seu novo trampo lançado agora essa semana, ela vem com o velho conceito da mulher sensual e empoderada, vulnerável, melancólica, e também sofisticada. Ela vem mais voltada ás raizes piano e voz dos trabalhos anteriores na primeira faixa, autointitulada, uma canção sobre melancolia e fragilidade. "Não tenho nada a perder, que se acabe o mundo/ Eu queria que me amassem, nada mais" mostra a vulnerabilidade do eulírico, nessa composição em que os arranjos de piano emolduram uma canção bastante confessional. "Sou esperta na arte de sabotar/ tantos anos tentando decifrar a mim mesma" só reforçam...

Aperitivo: The Last Dinner Party, From The Pyre

Selo: Island Records. Parece que a temática religiosa e mística tomou conta dos albuns de indie alternativo nesse ano de 2025, vide trampos de Candelabro, e o futuro da Rosalia, Lux, que será lançado mês que vem. The Last Dinner Party, que conta com as britânicas Abigail Morris, Lizzie Mayland, Emily Roberts, Aurora Nishevci e Georgia Davies traz esse From The Pyre para nossa apreciação auditiva, que mais uma vez agradece, visto que esse album é bastante interessante. Lembra realmente os momentos mais apreciativos de artistas de baroque pop como Florence and The Machine e a atemporal Kate Bush. Elas vem com corais poderosos, riffs intensos, hipnóticos. Não é segredo nenhum que o trampo anterior, Prelude to Ecstasy já trazia camadas e texturas musicais bem auspiciosas, mas nessa sequência elas verdadeiramente transcenderam. Fruto de uma mixagem e de uma produção mais apurada e mais direcionada a soar como canção chamber e folclórica. Para esse novo trampo, saiu a produção do début, q...