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Princesa, Carne Doce

Princesa Carne Doce A banda de Goiás volta com um trabalho encantador que mostra-se com músicas mais confessionais e com um trabalho vocal de sua cantora mais preciosamente trabalhado. As letras aqui se tornaram mais reflexivas e dizem algo a mais sobre o universo interno do eu lírico. Aqui, pode-se dizer que todo sentimento é muito mais bem trabalhado na lírica da banda, mais profundamente que o début. A possibilidade do empoderamento feminino é trabalhado aqui de uma forma mais intensa. O álbum foi concebido em terras paulistanas, e o caos dessa cidade insere-se muito na lírica e na sonoridade de Princesa. Pode-se também perceber claramente um maior dialogo entre os integrantes da banda nesse novo trabalho. Um maior entrelaçamento de ideias. Salma Jô parece também bem mais a vontade para destilar a sua lírica sobre aquelas letras que trazem em seu corpo uma maior urgência. E ele goza de uma maior autonomia ao seu antecessor, isso está claramente visível. Na faixa homônima há uma espécie de psicodelia. E traz romantismo ao afirmar a voz masculina “Princesa seu jeito vulgar vai me conquistar.” Em amiga, há a representação a mulher que prefere a solidão para fazer a sua reflexão. Tudo com teclados pausados que soam como guitarras. Carne Lab se trata de uma faixa experimental. O pai trata da dominação por uma intolerante figura masculina. Artemísia retorna a polêmica das plantas abortivas. Carne Doce, de 2014, era mais universal. Já Princesa aponta para uma característica mais confessional e traz o mundo sob o ponto de vista feminino. Seriam as muitas faces de Salma Jô.

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