Sampha e seu single Cumulus/ Memory, com feat de Romy XX, sobre a vida moderna como algo efêmero e caótico, entre batidas minimalistas.
Sampha lançou recentemente, em 2023, seis anos depois, um album que dá sequência ao ótimo Process, em que ele relatava resiliência durante o tratamento (e consequente morte) de sua mãe, o bem avaliado pela critica Lahai. E há umas duas semanas, mais precisamente no dia 23 de outubro de 2025, ele lançou mais uma música nova, Cumulus/ Memory, com as batidas eletrônicas minimalistas que emolduram o seu neo-soul e R&B já tão peculiares. Essa canção, bastante emocional, ficou de fora de Lahai, album que relata sobre espiritualidade, e memórias familiares, e a canção fala sobre as dificuldades de se entregar ao se amar e sobre a efemeridade caótica da vida moderna e de como o tempo devasta tudo, inevitavelmente. Cumulus vem para celebrar o aniversário do lançamento do album.
Vale lembrar que o tema foi co-escrito com Romy Madley Croft, e se trata de um tema bastante íntimo e confessional. E que também foi umas das primeiras canções escritas para Lahai, mas a última música a ser concluída.
A canção traz texturas eletrônicas, que nos leva a uma paisagem etérea, e fala sobre como o amor quase sempre se torna algo sem sentido e que por isso acaba sempre se tornando um flagelo em nossas vidas. E de como o relógio se torna cruel, o que nos faz termos pressa de resolver as coisas no nosso tempo, e de quanto o tempo cronológico ás vezes não coincidir com o subjetivo nos pode trazer frustações.
A música conta com a produção de El Guincho, o que confere essas camadas minimialistas á canção.
A canção vem na sequência do lançamento de Lahai, e também da outra parceria com Romy, a já conhecida I'm on your team, lançada essa em 2024.
Cumulus Memory retrata um eu-lírico que vive em dilema entre o seu eu, e o fato desse seu eu se fundir com o seu objeto de desejo e isso justamente tornar-lhe as coisas mais difíceis. Justamente essa fusão é que o mais maltrata, porque o zelo excessivo, a preocupação com o outrem, tira seu foco de tentar "adiantar o seu lado", como fica claro no trecho: "E a pressão na sua saúde, o peso aumenta, você/ Sente isso intensamente para/ Impedir que você faça uma mudança." E também sobre a luta do eu-lirico sobre tentar sair dessa situação, sabendo que essa relação se torna tóxica para ele, como fica evidenciado em "Eu tenho tentado sair do esgoto/ Pesado estava minha mente e assim/ Isso se tornou uma luta"
O engraçado é que o proprio tempo, cruel e ceifador, é intepretado pelo compositor para a solução de seu dilema, mas como ao mesmo tempo solução e problema, porque mais uma vez, ele se vê amando pelos dois: "Time-lapse (tempo)/ O que eu precisava para me curar/ Era (era)/ Outro coração batendo/ Batendo por dois (ooh-ooh, ooh), e convida a sua pessoa amada a viver com ele uma espécie de Carpe Diem, como fica evidenciado em
"Podemos correr alto, encontrar um lugar/ Em outra forma/ Perder a nós mesmos, tempo, espaço" e o ápice da canção é "E eu não posso te perder como perdi a mim mesmo quando você dançava comigo", o que mostra que se mesclar com a pessoa amada é realmente tóxico.
"Eu-eu-eu-eu não posso deixar você me deixar, eu-eu-eu-eu não posso deixar você ir (memória, me-memória-memória)" mostra como o tempo é cruel, que nos faz ir perdendo tudo mesmo, mesmo que aos pouquinhos.
Disponível em todas as plataformas de musica e também para compra e download pela Bandcamp.
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