Aperitivo: Silvana Estrada, Vendrán Suaves Lluvias

Selo: Glassnote Silvana Estrada é uma cantora de pop folk mexicana, tem 28 anos e teve uma estreia fonográfica bastante apreciável, em 2022 com Marchita, e lançou essa obra de folk, e pop latino, seu segundo album, que com certeza veio para acrescentar bastante aos nossos ouvidos, e agradecemos bastante por isso. Com o maior estilo voz e violão, se tratam de músicas instrospectivas, liricamente sombrias, sobre perda e superação, mas que vão muito diretamente aos ouvidos de quem as escuta com atenção. A capa do album já é por si só um convite ao prazer, como dizia o nosso Julio Barroso, em que mostra a protagonista das canções em um momento de ócio, descansando sentada em um jardim com uma expressão contemplativa. E o album reforça essa ideia, porque as canções são sobre superação, luto (passou recentemente pela perda de seu melhor amigo, que foi assassinado, José Tirado), seu pais de origem devastado por uma extrema violência pela guerra do narcotráfico, e também, reconcliação. E são extremamente pessoais. é como se as suaves chuvas a deixassem mais refletiva a respeito do que tem sido sua vida até então. Cada dia te extrano menos, é uma canção sobre superação e desapego, o eu-lirico está pensando mesmo durante um dia chuvoso, que mesmo que seja um amor que ficou, ela já consegue viver sem pensar tanto na pessoa amada, por mais que isso seja difícil. "Cada dia sinto menos saudades suas, ainda que ainda me faças falta/ Já perdi toda a esperança, ainda que sem querer te espere". e um final melancólico "Não tenho outra maneira de entender/ que cada dia/ sinto menos saudades suas", e a canção seguinte, Dime, reflete sobre uma constante nas canções líricas de todos os tempos, de como o amor machuca, como fica evidenciado em " Como pode o seu amor ser/ Pilula e também enfermidade/ Como pode ser tão grande a dor/ Do que nunca poderíamos ser" A própria Estrada refletiu em entrevistas sobre o duro processo artistico que foi trazer essas canções á luz, em vista do momento de penúria e desespero que vinha enfrentando em sua vida pessoal. E que essas canções são para ela um refúgio, que a mostram como uma mulher triste, mas resistente ás pedras que surgiram em seu caminho. Furiosa, resiliente, mas não passiva em suas reações, que são melhores traduzidas por essas canções que mostram toda a sua rebeldia. Com a pergunta constante ao longo das canções "como queremos ser amados" ela permeia o Bob Dylan aos 33 anos, do Blood on Tracks, um dos seus herois da musica, um fantasma que conversva com ela. Que lhe foi introduzido por um irmão que lhe apresentou o album para ela. E do alto de seus 28 anos, esse album segundo a propria cantora em entrevista ao jornal El Diario, seria uma reconciliação com a Silvana Estrada de seus 20 anos. Como se ela amadurecida, depois de tantas perdas, tentasse revisitar a juventude e ver o que poderia fazer diferente dessa vez, se é que é possivel fazer diferente. O album foi gravado em Montreal, Cidade do Mexico e Barcelona, e vem sendo composto há três anos. E a fonte de inspiração foi o poema “There Will Come Soft Rains," escrito por Sarah Teasdale, em 1918, na época da pandemia de gripe, e nada mais propício nesses tempos pós covid em que estamos vivendo. Entre a perda e a calma! Vendrán Suaves Lluvias: 01 Cada Día Te Extraño Menos 02 Dime 03 Lila Alelí 04 Flores 05 Good Luck, Good Night 06 Tregua 07 Como un Pájaro 08 Un Rayo de Luz 09 No Te Vayas Sin Saber 10 El Alma Mía Highlights: Como un Pajaro, Good Luck, Good Night.