Selo: Columbia Records.
Tame Impala parece ter mergulhado mesmo no eletrônico, no pop alternativo, deixando seu começo auspicioso na psicodelia e no krautrock, de Lonerism e InnerSpeak, para trás. Desde Currents, seguido pelo sequencial Slow Rush, o australiano Kevin Parker engatou um tunel de dance neon, tecno recheado de synthpop, com liricas tristes, mas mais particulares e íntimas que as universalizantes dos primeiros dois trampos (exemplo dessa nova fase: New Person, Same Old Mistakes), mas que convidam o ouvinte a se jogar em uma pista de dança.
Ele volta agora em 2025 com Dead Beat, sequência ao já dançante Slow Rush, em que parece que a era techno pop vai fazer parte da vida de seus fãs/ouvintes mais fieis. Parker não tem mais o menor interesse de fazer músicas sobre aqueles temas profundos dos primeiros albuns, como divagações sobre o tempo e o espaço, como falou um jornalista da Rolling Stone. Na verdade, desde Slow Rush, seus temas se tornaram mais emocionais e mais introspectivos, abordando o cotidiano. E isso pode ser visto como uma reinvenção boa. Porque abordar o íntimo pode ser tão dificil quanto, é você se desnudar ao seu ouvinte. Nisso Parker está indo muito bem, de acordo com a nossa opinião. E também trocou todos os instrumentos dos primeiros trampos por batidas eletronicas, se tornando o rei do sintetizador.
O proprio trabalho gráfico já traz a conotação mais íntima da lirica do album, porque Kevin aparece abraçado a uma criança, sua filha mais velha, nascida em 2021 (ele teve recentemente um menino). Uma conotação do Parker mais amadurecido, mais sossegado, mas ainda inquieto e ávido de falar sobre o seu intimo com seu ouvinte, um intimo de um homem família. Só que não, porque a lirica do album mostra um pai e marido ausente. Uma brincadeira feita de propósito, o parecer, mas não ser. Segundo Parker, ele consegue achar beleza na poesia do cotidiano, e tudo emoldurado por batidas minimalistas nascida no seu sintetizador, seu mesmo, fabricado para ele, para que nenhum outro músico consiga reproduzir esses sons.
A primeira canção abre o album com um solo de piano, e já retifica o que foi falado na introdução desse trabalho. "Então, estou aqui outra vez/ Me sentido totalmente triste/ Não me restam desculpas sabia que iria/ Parecer que surgiu do nada outra vez/ Queria ter outra pessoa para culpar" é Parker se desculpando por estar novamente comertendo os mesmos erros de sempre. "Digo a mim mesmo que sou apenas humano/Eu sei que eu/eu disse nunca mais/ A tentação parece nunca ter fim/ Escorregando, só percebo de vez em quando."
As duas seguintes canções seguem a mesma temática: desculpas por atos infantis inerentes ao fato de ser homem, em relacionamentos. Dracula em especial, parece uma música feita para as massas, bastante inspirada no pop noventista.
Em Oblivion ele mostra que está no seu auge como produtor e traz para gente uma fantástica canção eletronica, e techno. A canção, que aborda o esquecimento, após um final de relacionamento dificil, parece inspirada na acid house noventista, em bandas como Primal Scream, por exemplo.
Not My World também reforça essa característica, de inspiração na acid house, e no trance. Ethereal Connection é o mais característico dessa nova trip de Parker, techno puro trance de verdade, com batidas secas e minimalistas.
A intenção de Parker nesse album ficou bastante clara: fazer canções aparentemente com liricas simplistas, mas com arranjos melódicos que fossem grandiosos, e nisso ele foi bastante bem sucedido. As melodias estão realmente fantásticas, e parece ter sido um jogo artístico deliberado dele.
Kevin Parker produziu o novo album de Dua Lipa, a ser lançado em 2026, e também participou do projeto Tiny Desk, em que cantou faixas clássicas e suas novidades do Dead Beat.
Dead Beat, melodias grandiosas e letras sobre a mágica emocional e comum do cotidiano. O maluco é gênio ou não é?
É um album que cresce com o tempo, não adianta escutar de primeira e falar mal, tem que ir apreciando aos poucos. Só aí veremos o quanto ele é grandioso e importante musicalmente. Para ir absorvendo as suas texturas...
Highlights: Oblivion, Ethereal Connection, Afterthought
Coletivo pernambucano formado em 2024, composto por Matheus Dália (Dersuzalá) baixo, guitarra, synths, Beró Ferreita (Qampo), guitarrista e vocalista, e Pedro Bettim, na produção, e complementado por Guilherme Calado, teclados, e Saulo Nogueira, guitarra, eles unem em seu álbum de estreia elementos da música psicodélica, musica brasileira anos oitenta, jazz fuzion, funk, new wave, e faz um pop rock bem auspicioso em seu début Esperando Sentado, pagando para Ver, lançado pelo selo Na realidade, eles trazem elementos da city pop com uma pitada de humor irresistível (como na segunda faixa de ESPV, a ótima Baby Mistério com seu riff funkeado) e também apresentam referências a Djavan e Rita Lee, Steely Dan. Eles já vieram chamando a atenção no single Contramão lançado em janeiro de 2025, forte em jazz fusion com seu lindo solo de guitarra. A terceira faixa de ESPV, Coitadolândia, traz uma influência clara de Guilherme Arantes, e fala sobre o fardo de nascermos para estarmos sempre em um...
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