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Rosália une forças a Bjork e Yves Tumor no hino de art pop Berghain

Rosália, desde o inicio de sua carreira, vem surpreendendo, entregando um conteúdo artistico de muita qualidade, tanto musical quanto visualmente, com clipes super bem feitos e conceitos que são transcendentes quando nós experenciamos seu trampo musical. Ela estremeceu o mundo do pop com esse adianto de seu vindouro album, Lux, a ser lançado em 07 de Novembro. Em que mistura musica erudita e sinfónica,
com pop e experimental. Com arranjos orquestrais e letra que une o profano, e o sagrado, o eterno e o efêmero. Berghain é o nome de uma boate techno em Berlim. A canção começa com um poderoso solo de violino, e o trecho cantado em alemão (!) já mostra em si toda e emotividade que Rosália tenta passar ao seu ouvinte nesse single. Rosália se revela uma ótima cantora lírica ( algo que ela tem bastante conhecimento de causa, visto possuir um bacharelado em música, do qual o El Mal Querer é o seu TCC) No trecho em alemão que inicia a música, ela faz uma suplica a um interlocutor, (Deus) tentando se aproximar de sua natureza divina, em compartilhar sentimentos mútuos com esse ouvinte, quando diz que sua raiva e seu sangue são o mesmo de seu . Mais adiante, ela de desabafa de como tem acumulado mágoa em seu interior, e o quanto isso pode influenciar no seu íntimo, a tornando densa e difícil de ser absorvida por quem tentar fazer isso. No trecho seguinte, em que ela canta no seu idioma natal, ela já mostra um lado mais lírico, que fica evidenciado em ela ser doce ( torrão de açúcar) se derretendo na amargura, o café, o que mostra essa ambiguidade de ela ser sempre afável e frágil, pequena, com seu outrem, enquanto esse outrem é grandioso e a desafia. E que se esvanece, sendo alguém fugaz, mas lá no íntimo queria se tornar algo menos abstrato e ter mais concretude pra estrar á altura de seu ouvinte. E que seu ouvinte não tem características mais 'humanizadas" para apreender a sua vulnerabilidade, pois ela tem natureza momentânea. Sim, porque Deus permanece, e nós não, passamos. No trecho cantando em inglês, pela maga do indie pop alternativo dos anos 90 e 2000, a islandesa Bjork, famosa por seus trabalhos artísticos pouco convencionais tanto visual quanto auditiva, após um começo mais comercial e mais pop na Sugarcubes, ainda nos anos 80, Bjork reforça que só a intervenção divina poderá nos salvar. Que somente em Deus podemos encontrar beatitude e elevação. O trecho cantado por Yves Tumor, produtor estadunidense de música experimental, é o trecho mais profano ( quem não se lembra que Motomami já trouxe a gente a dualidade entre o profano e o divino, parece que em Lux, Rosália pretende aprofundar mais ainda essa dualidade, que a apetece, ao que tudo indica) em que ele canta: "Vou te foder até que me ames/ Até que me ames/" O trecho cantado por Rosália traz a vulnerabilidade, e a busca pela intervenção divina para sua natureza humana, o de Bjork, reforça essa busca, e o de Yves, parece tentar trazer Rosália de volta para o profano. A luta do carnal com o sagrado, ou seja, a carnalidade sempre nos afastando da beatitude, da salvação. No clipe, há varios violinos sendo tocados, o que reflete a busca pela paz de espírito e elevação atrapalhada pelo caos dos pensamentos instrusivos que o eu-lírico representa na canção, e que a seguem por todos os lugares. A canção cresce, porque sai da instrospecção pessoal para algo arrebatador, quase cinematográfico. Lux sai á luz em 07 de Novembro, pela Sony, e o videoclipe teve a mão da produtora CANADA e tem parceria de longa data de Rosália, Nicolás Mendes que produziu outros trabalhos da artista como Malamente, e Pienso en tu Mirá. Já temos noção de que Rosália não é nada básica, e seim produz uma arte bastante desafiante.

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